O Conselho Brasileiro de Oftalmologia emitiu uma nota técnica em conjunto com as Sociedades de Oftalmologia Pediátrica e de Estrabismo, com o objetivo de apresentar evidências científicas sobre tratamentos de transtornos visuais em crianças.

A visão das crianças passa por diversas mudanças após o nascimento, sendo essencial para o desenvolvimento cognitivo e motor. Atrasos no desenvolvimento visual podem prejudicar o desenvolvimento global das crianças.

O processamento visual é o conjunto de processos neurais que captam, organizam e integram informações da imagem que chega aos olhos, permitindo ao cérebro interpretar e compreender essas informações. A integração cerebral desses processos promove a percepção visual final.

A terapia visual é um conjunto de técnicas não farmacológicas e não cirúrgicas para melhorar o processamento visual e tratar condições oculares. Alguns exemplos incluem estrabismo, diplopia, ambliopia e dislexia.

Um dos pontos dessa terapia visual é o processo de leitura, que é complexo e envolve habilidades neurocognitivas e visuais, e por isso é importante avaliar se há problemas oculares em crianças, que apresentam dificuldades de aprendizagem. Entretanto, a maioria das dificuldades de aprendizagem é devido a atrasos no desenvolvimento ou falta de acesso a um ambiente escolar adequado.

Durante a avaliação de uma criança com dificuldades de aprendizagem, recomenda-se uma equipe multidisciplinar que inclui diversos profissionais, como familiares, pediatras, neurologistas, educadores, fonoaudiólogos, oftalmologistas, entre outros. Essa abordagem visa atender às necessidades específicas de cada paciente, levando em consideração suas dificuldades, idade e desenvolvimento neurocognitivo.

As alterações oculomotoras encontradas na dislexia têm se mostrado como parte do quadro, por anormalidade cortical no controle atencional e motor de organização de sacadas e regressões na leitura, sendo que essas alterações não se mantém na realização de outras atividades visoespaciais.

Existe evidência suficiente para sugerir terapias visuais em casos de insuficiência de convergência (IC) sintomática. Exercícios ortópticos de treino de convergência e trabalho de amplitudes vergenciais se mostraram efetivas em melhorar o quadro de IC e seus sintomas.

Porém, não há evidência científica que comprove a eficácia das terapias visuais para melhorar a acuidade visual, o desenvolvimento psicomotor ou a qualidade de vida das crianças com dificuldades de aprendizagem. A maioria dos estudos disponíveis são de baixa qualidade e não permitem tirar conclusões científicas apropriadas. Portanto, é importante ter cautela ao considerar essas terapias como tratamento.

Os médicos, oftalmologistas e pediatras, devem fornecer fontes de informações seguras sobre transtornos de aprendizagem para os pais, refutando tratamentos que carecem de comprovação científica.

Confira essas e outras recomendações acerca de terapias também para tratamento de estrabismo, ambliopia, miopia e baixa visão acessando o texto completo da publicação:

https://drive.google.com/file/d/17tWmmPmMzJkgN6MoaEIjj4HykJTl2GZ3/view?usp=sharing

Compartilhe:

Acesse a área do associado

Acessar agora

Entre em contato

Logo CBE
R. Casa do Ator, 1117 - Conjunto 21 - Vila Olímpia
São Paulo - SP, 04546-004